Assim, a equipa da Biblioteca “vestiu” um placard do pátio que lhe dá acesso, com poemas de escritores portugueses de referência, como Miguel Torga, Fernando Pessoa… intitulado: “Pára e Lê! É … Um Poema!”
Poemas que, conjugados com o dia da floresta, versavam a sua temática. Os alunos e toda a comunidade escolar, além da leitura dos poemas, também escreviam frases/ mensagens relativas à importância da árvore/floresta, em folhas verdes e recortadas, para depois colocarem na árvore de ramos naturais, que estava ao lado do placard.
E todos estes recursos foram retirados de restos de papéis de embrulho, sacos de cartão e de revistas, preocupação que a equipa teve de reutilizar materiais.
Tudo para participar na acção de protecção do ambiente, que nos é demasiado rico para ser minimizado!
À hora do almoço, a equipa da BE deslocou-se à Cantina da nossa Escola para propiciar uma refeição diferente a todos quantos nela se encontravam e outros que estavam chegando, pois para eles, também não faltou a leitura expressiva de poemas juntamente com a sopa, “Caldo Verde com Poemas”. Foram ler alunos do 5º ano, professores da equipa, a professora Gina e ainda um aluno que se encontrava a almoçar, mostrando forte vontade de participar na nossa actividade. E fê-lo bem!
São estes momentos pequeninos, quase “envergonhados”, perante as audiências, passando despercebidos, carecendo de visibilidade, que a equipa pretende valorizar, como instrumentos fulcrais de incentivo a práticas de leitura/escrita, tentando que a mensagem passe: Ler!
Enquanto equipa da Biblioteca Escolar, pensamos que estas actividades, mesmo pouco significativas, “entram” na comunidade que participa, pois acreditamos que irão dar os seus frutos: ser recordadas mais tarde, como momentos a continuar.
A equipa da BE
Poema das árvores
As árvores crescem sós. E a sós florescem.
Começam por ser nada. Pouco a pouco
se levantam do chão, se alteiam palmo a palmo.
Crescendo deitam ramos, e os ramos outros ramos,
e deles nascem folhas, e as folhas multiplicam-se.
Depois, por entre as folhas, vão-se esboçando as flores,
e então crescem as flores, e as flores produzem frutos,
e os frutos dão sementes,
e as sementes preparam novas árvores.
E tudo sempre a sós, a sós consigo mesmas.
Sem verem, sem ouvirem, sem falarem.
Sós.
De dia e de noite.
Sempre sós.
Os animais são outra coisa.
Contactam-se, penetram-se, trespassam-se,
fazem amor e ódio, e vão à vida
como se nada fosse.
As árvores, não.
Solitárias, as árvores,
exauram terra e sol silenciosamente.
Não pensam, não suspiram, não se queixam.
Estendem os braços como se implorassem;
com o vento soltam ais como se suspirassem;
e gemem, mas a queixa não é sua.
Sós, sempre sós.
Nas planícies, nos montes, nas florestas,
A crescer e a florir sem consciência.
Virtude vegetal viver a sós
E entretanto dar flores.
António Gedeão (Obra Poética, Lisboa, edições JSC, 2001)
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